É bastante interessante a semelhança entre Brasil e Egito na busca pela democracia. Me refiro a luta pela democracia no Brasil nos anos 80 e a atual democratização no Egito. Obviamente os tempos não são os mesmos, mas se tentarmos analisar ambos os acontecimentos, veremos que os dois países saíram de longos períodos de ditaduras e que, logo após a democratização dos países, houve momentos conturbados.
No caso do Brasil, há mais de vinte anos Fernando Collor de Mello saiu do poder do país após o seu impeachment. Foi um alvoroço posterior a democratização, reflexo de sua imaturidade no país. O mesmo ocorre no Egito: a imaturidade e juventude da democracia são notáveis. Obviamente, a revolta dos egípcios tem fundamento, mas a deposição do presidente Mursi em pouco mais de um ano de governo é um retrocesso, podendo trazer à tona uma ditadura militar.
A tentativa de tirar Collor do poder foi mais democrática e menos conturbada. Porém, esse momento vivido no Egito faz parte de sua maturação, de sua luta contra milênios de despotismo. Isso deve ser levado em conta.
O momento que o Brasil vive atualmente, na verdade, é seu aprimoramento, embasado em um sentimento de mudança plena e que não foi suprido nos últimos trinta anos, os trinta anos sem ditadura. Talvez o Egito passe por isso. Quando? Não sei, depende deles.