Democracia: Brasil e Egito

É bastante interessante a semelhança entre Brasil e Egito na busca pela democracia. Me refiro a luta pela democracia no Brasil nos anos 80 e a atual democratização no Egito. Obviamente os tempos não são os mesmos, mas se tentarmos analisar ambos os acontecimentos, veremos que os dois países saíram de longos períodos de ditaduras e que, logo após a democratização dos países, houve momentos conturbados.

    No caso do Brasil, há mais de vinte anos Fernando Collor de Mello saiu do poder do país após o seu impeachment. Foi um alvoroço posterior a democratização, reflexo de sua imaturidade no país. O mesmo ocorre no Egito: a imaturidade e juventude da democracia são notáveis. Obviamente, a revolta dos egípcios tem fundamento, mas a deposição do presidente Mursi em pouco mais de um ano de governo é um retrocesso, podendo trazer à tona uma ditadura militar.

    A tentativa de tirar Collor do poder foi mais democrática e menos conturbada. Porém, esse momento vivido no Egito faz parte de sua maturação, de sua luta contra milênios de despotismo. Isso deve ser levado em conta.

    O momento que o Brasil vive atualmente, na verdade, é seu aprimoramento, embasado em um sentimento de mudança plena e que não foi suprido nos últimos trinta anos, os trinta anos sem ditadura. Talvez o Egito passe por isso. Quando? Não sei, depende deles.

Em pleno século XXI

   Confesso que não gosto desta expressão e devo admitir que não a uso. Na minha concepção, os fatos existem porque devem existir e se, por exemplo, ainda temos miséria decorrente da seca no nordeste, é porque não evoluímos o suficiente para finalizar isto. Temos a capacidade de perceber que é errado, mas nada fazemos, nada pensamos, nada queremos. Ou melhor, queremos. Como filhos da nação queremos, se não já teríamos mudado a situação.

    Nossa sociedade não está preparada para ser plenamente civilizada. O mundo não está preparado para ser perfeito. Podemos estar preparados para mudar em âmbitos isolados, é verdade. Mas, de qualquer forma, a expressão “Em pleno século XXI” não me convence.

    As maleficências da vida apresentam quatro estágios: o de estarem em sua plenitude; o de serem praticamente plenas e com uma base contestadora iminente; o de serem contestadas, mas não inteiramente erradicadas e o estágio final, que decreta seu término, sua desvalorização e que foram vencidas.

    Obviamente, a humanidade evoluiu bastante, porém existem alguns temas que estão em estágio inicial ou intermediário, como por exemplo a desigualdade de gêneros. Antes, sua discussão era banal e desconsiderada, onde a mulher tinha menos respeito possível. Isso nos primórdios da formação social. As sociedades evoluíram neste fato, porém não completamente.

    A questão da violência, sobretudo a urbana é outro exemplo interessante. Digo no sentido político, não literal. Me refiro ao vandalismo gerado pelos líderes. Isso é outra coisa que no Brasil é bastante aceita e tolerada. Há quem combata, mas estamos em um estágio emergente.

    Concluo  então que as coisas são o que são porque deveriam ser assim. Basta entendermos e mudar, porém, às vezes, isso demora muito, afinal existem os estágios de evolução. As pessoas atropelam esse fato geralmente sem contribuir para a mudança, para a evolução, somente analisam e condenam.

Manifestações Brasil à fora

    A população brasileira possibilita um amplo estudo de uma sociedade enraizada com a Indústria Cultural. E por isso, pela falta de criticidade e de consciência promovidas pela indústria e pelo meio, o país apresenta distúrbios sociais, reflexos de uma doença que reifica o homem e que tem pragas em seu comando – é bom que se diga que não são todos –  que são puramente gente inescrupulosa, insistente e pertinaz e se destaca com pouco, a final quem argumenta invariavelmente sofre com a ignorância.

    Essas manifestações mostram que esse aspecto, aos poucos, se deteriora. É nítido que há um desejo de mudança como nunca havia acontecido nos últimos vinte anos. Isso é uma consequência  do desenvolvimento, ainda que mínimo, do país. As pessoas menos “apropriadas” estão mais criteriosas, inclusive a despeito da imprensa. Esse fator somado à compreensão da má gestão pública e à impressão da falta de controle de suas próprias vidas revoltaram os brasileiros.

    Essas manifestações têm uma notável repreensão à mídia, às vezes bem violenta. Mas de qualquer forma é uma evolução. Claro, é cedo para dizer o futuro dessa manifestação difusa e apartidária. Isso está sendo fundamental e mostrando-se eficiente.

    A opressão à mídia deve-se principalmente à manipulação social e cultural promovidas por ela, que ajuda a estagnar a sociedade. Além disso, reflete menos do que deveria a respeito da importância social desses protestos e muitas vezes foca nos atos de vandalismo, no final de cada protesto.

    Contudo, o que acontece nesse país é uma tentativa, ainda que inconsciente, de acabar com o Triunfo da Ignorância, que é o verdadeiro motivo da indignação. Talvez seja uma tentativa de acabar com a política assistencialista , que só atrasa o desenvolvimento do povo e o engana, fragilizando-o e parando-o nessa “proteção”. Talvez seja uma tentativa de manter o estado laico, tão ameaçado por políticos fanáticos em religião. Talvez seja uma tentativa de prender os corrompidos do Mensalão. É uma tentativa de não estar à margem da política nacional.

Como entender o porquê da desordem

    Eu, como adolescente, convivo com adolescentes. E ajo como tal, mas digamos que quase conservador, dentro das possibilidades de um jovem de 17 anos. Sempre fui assim. Contudo, nos meus curtos anos de vida adquiri o hábito de tentar entender as pessoas, estudá-las. Não tento ser um psicólogo ou algo do  gênero, e por isso não sou um grande examinador, mas sempre gostei de tentar. Sempre me interessei por análises sociais, algo um pouco diferente entre os  adolescentes.

    O que eu ouço desde me dou por gente é o futuro do Brasil nas mãos dessa geração. E dizem que ela é tão pechosa quanto às gerações antecessoras  e confesso que isso eu não consigo afirmar. Mas de qualquer forma, as inversões de valores sempre estiveram à margem das sociedades brasileiras. A partir dessa constatação tento enxergar as pessoas, mais precisamente meus amigos e colegas de escola, curso ou qualquer outra coisa. Confesso que às vezes fico espantado, às vezes não… Um dos motivos pela qual a nossa geração é “desnaturada” são os nossos próprios pais. Eles é que são o centro do caos e assim deve-se estudar o futuro do nosso país a partir deles, ou até gerações anteriores a eles.

   Eu digo isso porque nós somos reflexos, na maioria das vezes, das pessoas em que estão ao nosso redor, a final somos influenciados pelo meio. As pessoas mais próximas da gente são nossos pais e são também indivíduos pela qual nos espelhamos. Houve algo de errado na formação de outras gerações e o pior, a geração que comanda o país e promove o atraso no desenvolvimento do país, levando-o a problemas de saúde, segurança, infraestrutura e educação, principalmente, não é a nossa, é a dos nosso pais e avôs. Então, supomos como serão nossos futuros concidadãos.

   Não quero chegar ao mérito de saber o que levou o país a isso, se não faremos uma discussão sem fim, mas eu quis falar um pouco a respeito desse assunto porque ouço muito as pessoas criticarem essa geração sem saber que a origem do erro não está nela, e sim nos que criticam. Basta agora refletirmos e melhorar.

Bolsa Novela… Mais uma bolsa!

    Recentemente o governo brasileiro vem estudando a possibilidade de substituir a TV analógica pela TV digital em toda a população de baixa renda. O nome do projeto está sendo intitulado “Bolsa Novela”, como vocês perceberam pelo título. Um nome bem clichê, por sinal.

    O projeto encabeçará às demandas da Bolsa Família. Com isso, as conversões de linha 700 MHz seriam iniciadas e adaptadas nas famílias cadastradas no Bolsa Família, e depois poderão haver ramificações nesta distribuição.

    No lugar da TV analógica, a internet 4G seria usada na linha 700 MHz. Parece ser algo positivo. Mas programar mais uma “bolsa”, dando benefícios para entretenimento apenas não demonstra objetivismo por parte do Governo. Claro que as linhas de internet móvel e de TV digital evoluirão para melhor, porém isso não é prioridade, haja visto que nosso país apresenta diversos problemas sociais. Esse assunto também é um pouco repetitivo, mas merece atenção mesmo assim.

    Essas questões sociopolíticas apresentam uma complexabilidade existente somente no Brasil, onde descaso e ineficiência dos governantes geram baixas taxas de remuneração de mão de obra, alto índice de desemprego, miséria e desnutrição, analfabetismo, péssima educação, entre outras maleficências. Com todos esses aspectos, o governo preocupa-se em destinar TV digital à população de baixa renda para promover o desenvolvimento do 4G. Como você quer levar diversos canais de TV para pessoas que ao menos não têm energia em casa, ou que não sabem ler e compreender uma simples reportagem, ou que não têm uma privada em casa, que é o mínimo de saneamento básico? A prioridade do governo é promover entretenimento para a sua população alienada.

    Um Relatório de 2010, feito pelo Índice de Democracia, o Brasil ficou com nota 4,38 em cultura política, numa escala que vai de 0 a 10, atrás de países como Etiópia, Síria, Líbia e Turcomenistão, meus caros, Turcomenistão. Por isso os gloriosos projetos subjetivos do nosso país se afloram como nunca e nada é feito para que desafios mais importantes sejam explorados e quando superados, levariam a uma melhoria do bem estar da população, propriamente dita, fazendo com que a classe baixa adquirisse sozinha a TV digital.

    Democratizamos-nos e mesmo assim continuamos neurastênicos, mas acredito numa evolução de nossa nação, de preferência para melhor, claro.

Trem bala no Brasil?

    Nos últimos anos vem sendo discutida a possibilidade de haver o famoso trem de alta velocidade (TAV) no Brasil. O governo federal demonstrou que o projeto do TAV sairá do papel este ano, finalmente, depois de muito tempo de especulação. O projeto propõe uma linha ligando as cidades de Campinas e Rio de Janeiro, passando pela capital paulista, onde haverá sete estações em todo o percurso. Essa implantação de alta tecnologia de transporte de passageiros deve custar algo em torno de R$35 bilhões aos cofres públicos ou privados, algo que ainda não está definido.

    Pelo menos cinco empresas estão interessadas em administrar o projeto e, de acordo com o governo, são da Espanha, França, Coreia do Sul, Alemanha e Japão. A ANTT afirmou numa reunião entre as empresas interessadas que a tecnologia será definida na licitação e que deve estar em uso em qualquer outro lugar antes da assinatura do contrato, em fevereiro de 2014. A linha iniciará suas atividades em 2018 e em 2020 estará completamente pronta.

    Existe certa preocupação do governo em oferecer o mínimo de infraestrutura para as empresas interessadas e assim atraí-las. Com isso, parte do capital investido será nacional. Com tudo, há um aspecto que chama atenção: as empresas irão se apropriar do investimento nacional e levar lucro para fora. A expectativa é que a empresa operadora lucre mais de R$200 bilhões em 40 anos e que mais de 40 milhões de pessoas utilizem os trens anualmente. Obviamente o governo não irá ficar com um déficit alucinante, pois uma obra dessa magnitude transformará muita coisa além do deslocamento de pessoas, mas na teoria não é assim que um governo resolve seus problemas de transporte. A infraestrutura deveria ser bancada pelas próprias empresas. Elas iriam se sentir seguras por saberem que o projeto é promissor. Mas estamos acostumados com decisões esquisitas de nossos governantes.

   A malha ferroviária no Brasil, apesar de ser uma das dez maiores do mundo, é pequena para um país com suas dimensões e economia em alta. Além disso, grande parte dessa malha ferroviária é destinada para transporte de produtos e não de passageiros. Um trem bala na única megalópole da América do Sul seria importante, talvez não necessária ainda, mas no futuro sim. A implementação de um grande tecnopolo no projeto, como Campinas, é um atrativo a mais ao TAV, que conta com um transporte seguro e rápido, porém um pouco caro se comparado com o preço de passagens aéreas (TAV em torno de R$200,00). Mas o que nós brasileiro temos que colocar em mente é que essa obra não pode ser simplesmente para estrangeiro ver e cobrar de nossos governantes inteligência na adaptação do trem e não desestimular a aviação civil. Não podemos esquecer que há uma defasagem dos outros meios de transporte em nosso país e exigir que pelo menos não haja isso nos trens de alta velocidade.